Estudo comparado sobre o papel dos profissionais da Atenção Primária à Saúde no Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Espanha, México, Peru e CPLP na prevenção da Desinformação em Saúde

INSTITUIÇÃO RESPONSÁVEL PELO PROJETO:
Universidade de Brasília (UnB) / Faculdade de Ciências da Saúde (FS) / Departamento de Saúde Coletiva (DSC) / Laboratório de Educação, Informação e Comunicação em Saúde (LabECoS).

COORDENAÇÃO:
Profa. Dra. Ana Valéria Machado Mendonça – Pesquisadora de Produtividade 2 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq-Brasil)
Professora Associada IV do DSC/FS/UnB – Coordenadora do LabECoS/UnB.

PARCERIAS E COLABORAÇÕES:
O projeto será conduzido em parceria com universidades, centros de pesquisa, e órgãos governamentais dos países envolvidos. Além disso, contará com a colaboração de profissionais de saúde, gestores, e organizações brasileiras e internacionais, fundamentais para a disseminação dos resultados e a implementação das recomendações ao futuro nos seguintes países: Angola, Argentina, Brasil, Cabo Verde, Chile, Colômbia, Espanha, Guiné Bissau, México, Moçambique, Peru, Portugal e São Tomé e Príncipe.

 

Introdução

A desinformação em saúde é um fenômeno global que compromete a eficácia de ações de prevenção, tratamento, e a confiança da população nas autoridades de saúde, especialmente em contextos de crises sanitárias como a pandemia de COVID-19. O presente projeto busca compreender e analisar os impactos da desinformação no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS), com foco nos seguintes países: Angola, Argentina, Brasil, Cabo Verde, Chile, Colômbia, Espanha, Guiné Bissau, México, Moçambique, Peru, Portugal e São Tomé e Príncipe.

Contexto e Justificativa

Com a pandemia de COVID-19, a disseminação massiva de informações imprecisas e enganosas atingiu níveis alarmantes, levando ao que a Organização Mundial da Saúde (OMS) denominou de “infodemia” — uma explosão de informações falsas, muitas vezes propagadas deliberadamente, que confundem a população e comprometem o controle eficaz da pandemia. Esse cenário ressaltou a importância de estratégias de comunicação baseadas em evidências científicas confiáveis, a fim de apoiar a tomada de decisões no âmbito da saúde.

A desinformação em saúde tem efeitos devastadores, que vão desde a propagação de movimentos antivacina e a desconfiança generalizada em tratamentos, até a organização de campanhas contra as autoridades científicas. Isso, por sua vez, provoca o aumento de doenças preveníveis e a sobrecarga nos sistemas de saúde. Este projeto surge como uma resposta a essa crise, com o objetivo de criar estratégias de comunicação e mecanismos para garantir que as populações tenham acesso a informações precisas e de qualidade sobre a saúde, promovendo a prevenção e o bem-estar.

Objetivos

   Geral

Analisar as características da desinformação em saúde, evidenciando possibilidades comunicacionais baseadas na qualidade da informação em saúde, com foco na tomada de decisões sobre os processos de cuidar da saúde e doença em situações agudas ou crônicas pelos profissionais da Atenção Primária à Saúde e Estratégia Saúde da Família, no Brasil, e similares na Argentina, Chile, Colômbia, México e os seguintes países da CPLP (Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe), visando à prevenção da desinformação e seus reflexos na saúde de indivíduos, famílias e comunidades.

   Objetivos específicos

I. Identificar como os profissionais da APS/ESF, no Brasil, e seus similares na Argentina, Chile, Colômbia, México e países da CPLP lançam mão de seus conhecimentos, atitudes e práticas frente à desinformação em saúde;
II. Conhecer a atuação dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e dos Agentes de Combate a Endemias (ACE) no âmbito da APS/ESF, no Brasil, frente à desinformação em saúde;
III. Verificar a qualidade da informação nos sites oficiais dos Ministérios da Saúde no Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, México e países da CPLP;
IV. Aferir a influência da qualidade da informação percebida por profissionais de saúde sobre a intenção comportamental de continuar, no futuro, utilizando as fontes oficiais de informação do país, bem como sobre sua satisfação como usuários, a partir dos critérios de credibilidade, acessibilidade e interpretabilidade da informação;
V. Caracterizar conteúdos desinformativos com foco na criação e aplicação de parâmetros com vistas à aferição do conteúdo analisado nas mídias sociais;
VI. Medir o nível de literacia da informação em saúde entre os profissionais da APS/ESF no Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Espanha, México, Peru, e países da CPLP que podem contribuir para a prevenção da desinformação em saúde;
VII. Propor um documento teórico-metodológico orientador das boas práticas no uso da informação, para minimizar efeitos negativos da desinformação em saúde sobre a população;
VIII. Traduzir o conhecimento dos achados da pesquisa para os mundos da academia e dos serviços, para os movimentos sociais e para pessoas, famílias e comunidades das áreas de atuação das equipes de Saúde da Família.

Metodologia

Trata-se de um estudo quantitativo-qualitativo de múltiplos casos, em que cada país ou experiências específicas dentro de cada país constituirão unidades de análise. No presente estudo, que se dedica a um fenômeno complexo, cada caso único pode envolver mais de uma unidade de análise. Portanto, serão investigados profissionais da APS e sites oficiais de saúde de diversos países a partir de coleta de dados por meio de questionários aplicados a profissionais da saúde, análises de redes sociais (Web Scraping) e revisões sistemáticas das fontes de informação oficial.

A metodologia proposta inclui:

  • • Análise de Web Scraping nas redes sociais (Twitter (X), Instagram e Facebook) para identificar padrões de desinformação.
  • • Pesquisas com profissionais da saúde para entender suas percepções e práticas no enfrentamento à desinformação.
  • • Avaliação da qualidade da informação nas plataformas digitais de saúde de cada país, com base em critérios como credibilidade e acessibilidade.
  • • Oficinas de capacitação e disseminação dos resultados para a criação de estratégias de prevenção à desinformação.

 

Resultados Esperados

Espera-se que o projeto traga uma série de benefícios tanto para os sistemas de saúde quanto para a população, incluindo:

  • • Identificação de boas práticas em países que conseguiram enfrentar a desinformação de maneira eficaz, promovendo o intercâmbio de conhecimento entre os países participantes.
  • • Criação de guias e manuais sobre a qualidade da informação em saúde e estratégias de combate à desinformação, voltados para gestores e profissionais da APS.
  • • Desenvolvimento de modelos teórico-metodológicos aplicáveis internacionalmente, que possam servir de base para futuras intervenções em saúde pública.
  • • Fortalecimento da alfabetização midiática e digital entre os profissionais de saúde, capacitando-os para lidar com informações falsas e promover a disseminação de informações baseadas em evidências científicas.
  • • Aumento da confiança da população nas autoridades de saúde, resultando em uma melhor adesão às recomendações de saúde pública e melhoria nos indicadores de saúde.

 

Impacto e Relevância Internacional

A desinformação em saúde é um desafio global, e este projeto se insere em um esforço internacional para enfrentar esse problema de forma integrada. O estudo comparativo permitirá uma visão ampla dos diferentes contextos culturais e sociais dos países envolvidos, destacando as semelhanças e diferenças nas estratégias adotadas para lidar com a desinformação. Isso proporcionará um intercâmbio de boas práticas, contribuindo para o fortalecimento dos sistemas de saúde pública em escala global.

Além disso, o projeto fortalece a colaboração entre países de língua portuguesa e da América Latina, promovendo a integração de políticas e ações no campo da saúde coletiva. A relevância do estudo se estende para além dos países participantes, oferecendo subsídios para outras nações que enfrentam desafios semelhantes no enfrentamento à desinformação.

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