2º Encontro da Rede Brasil

2º Encontro da Rede Brasil reúne pesquisadores e resultados para o enfrentamento à desinformação em saúde

Igor Borges
Supervisão: Valéria Mendonça e Fernanda Vasques
Evento reuniu membros de todas as regiões do país para discutir estratégias de promoção do conhecimento em saúde

Entre os dias 7 e 9 abril, a Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (FS/UnB) recebeu o 2° Encontro Nacional da Rede Brasil de Gestão da Informação e Tradução do Conhecimento em Saúde, no campus Darcy Ribeiro, Asa Norte. O evento promoveu palestras e sessões dialogadas entre docentes, pesquisadores, estudantes e profissionais de saúde, com o objetivo de avaliar as atividades desenvolvidas pela iniciativa desde o primeiro encontro, realizado em 2023,  e estabelecer estratégias futuras para a promoção do conhecimento em saúde.

Os trabalhos foram inaugurados no Dia Mundial da Saúde, 7 de abril, às 14h, no Auditório 3 da FS/UnB. As boas-vindas foram dadas pela professora  Valéria Mendonça, coordenadora da Rede, agradecendo aos bolsistas, estagiários, voluntários e monitores que tornaram possível a realização do evento. A professora utilizou o espaço para divulgar o relatório do primeiro encontro da Rede, ocorrido em novembro de 2023, e um curso à distância para Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Agentes de Combate às Endemias (ACE)  – Enfrentamento à Desinformação em Saúde nos Territórios.

Para a reportagem, Valéria Mendonça revelou ter havido maior adesão de pessoas à iniciativa desde o primeiro encontro, em 2023. “Isso significa a boa fama que alcançamos. Nesses últimos dois anos, tivemos um leque de trabalhos em pesquisas aplicadas contemplando várias áreas de conhecimento, em parceria com colegas da comunicação, das ciências humanas e das exatas. Como consequência, conseguimos gerar uma mixagem de competências e habilidades”, avaliou. Ela alerta para a necessidade de se adaptar às novas linguagens para traduzir conhecimento em saúde. “Os jovens, por exemplo, reduziram o tempo de espera para assistir a um filme ou ler alguma coisa. A atenção está cada vez mais reduzida. Nesse cenário, precisamos ser sintéticos, objetivos, claros e diretos”, ponderou.

Programação

A primeira reunião foi conduzida pela professora e vice-coordenadora do LabECoS Natália Fernandes (FCTS/UnB) e contou com as participações de Josivânia Faria, Fernanda Vasques e Ciro Martins Gomes.

Josivânia Faria é professora da Faculdade de Administração, Contabilidade, Economia e Gestão de Políticas Públicas (FACE) da UnB e utilizou o espaço para falar de sua pesquisa relacionada ao uso do aplicativo Meu SUS Digital. O trabalho busca entender quais são os fatores que facilitam ou inibem a aceitação da ferramenta, repensando estratégias de letramento digital.

Fernanda Vasques é professora da Faculdade de Comunicação (FAC) da UnB e faz parte do Laboratório ECoS desde 2020. No encontro, ela apresentou iniciativas parapromoção da saúde sobre Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs), a partir de produtos de comunicação como ilustrações, cartazes, infografias, newsletters e peças de teatro produzidas por pesquisadores da Rede.

Ciro Gomes é professor da Faculdade de Medicina (FM) da UnB, médico-dermatologista e coordenador-geral de Vigilância da Hanseníase e Doenças em Eliminação do Ministério da Saúde e destacou a importância do estabelecimento de parcerias entre o Ministério e a Rede. “Elas visam levar conhecimento à população para o combate das doenças negligenciadas, com bastante enfoque na informação do diagnóstico e contra o preconceito com pessoas afetadas pela hanseníase”, comentou. Para ele, encontros como este aproximam os membros da Rede a organizações da capital federal. “Esse networking é importante e proporciona aos membros da Rede ter contato com a estrutura administrativa da UnB – uma das sedes principais do projeto – e com o Ministério da Saúde do Brasil, onde as políticas públicas acontecem”, refletiu.

A pausa para os diálogos interativos, às 17h do primeiro dia, serviu como oportunidade para os convidados conhecerem a 1ª Mostra de Tradução do Conhecimento em Saúde, realizada por estudantes das mais diferentes áreas do conhecimento, que ficou exposta no campus Darcy Ribeiro até o dia 11.

Na sequência, a partir das 19h, houve uma palestra com a secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, Dra. Ana Estela Haddad, sobre o tema “A saúde digital no futuro dos hospitais universitários”, mediada pela professora Maria Fátima de Sousa, superintendente do Hospital Universitário de Brasília (HUB/UnB/Ebserh). A secretaria chefiada por Ana Estela é considerada recente; ela foi criada em 2023 pela então Ministra da Saúde Nísia Trindade.  “A gente está responsável por promover a transformação digital do Sistema Único de Saúde. A ideia é que possamos ter o prontuário eletrônico disponível em todos os pontos da rede de serviço e que ele ofereça informações necessárias para que o profissional de saúde tome boas decisões”, considerou a secretária. Ana Estela, que é professora titular do curso de Odontologia na Universidade de São Paulo (USP), alertou para a importância de cada vez mais usuários do sistema público de saúde acessarem o aplicativo Meu SUS Digital. Entre as funcionalidades dessa ferramenta, está a possibilidade de consultar resultados de exames e emitir certificados de vacinação.

Na palestra da noite do dia 7, também estiveram presentes Laudimar Alves de Oliveira, diretor da FS/UnB, e Marcio Muniz de Farias, vice-reitor da universidade. Os dias seguintes contaram com sessões dialogadas, em salas para integrantes de cada região do Brasil. Na noite do dia 8, por exemplo, foi realizado um debate com o professor Ricardo Limongi, da Universidade Federal de Goiás (UFG), sobre o uso da inteligência artificial na pesquisa e com a jornalista Patrícia Blanco, presidente do Instituto Palavra Aberta, sobre educação midiática.

Depoimentos

O evento impactou de diferentes maneiras os agentes envolvidos em sua realização.

Larissa Santos e Jonathas Rodrigues, graduandos de Saúde Coletiva que colaboraram com a organização, consideraram valioso o contato direto com os projetos desenvolvidos pela Rede. “Foi importante para entendermos as fraquezas e oportunidades que existem dentro de um projeto. Assim, chegaremos mais preparados quando for a nossa vez de formular algum”, observou Santos.

Para Pedro Ruiz Barbosa Nassar, professor da área de administração em enfermagem da Universidade Federal Fluminense (UFF), a Rede Brasil representa um elo entre as diversidades do país relacionados à saúde coletiva. “Ela permite que tenhamos vários olhares distintos das realidades do Brasil dentro da perspectiva de trazer à sociedade algum benefício”, observou. Essa ideia foi compartilhada por Andreia Maria Araújo Drummond, professora de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), cujo trabalho envolve a tradução do conhecimento em saúde para populações vulneráveis – como a comunidade LGBT+ e pessoas em situação de rua –, sempre voltados para odontologia e saúde coletiva. “Nosso trabalho é dar esse retorno à sociedade”, comentou.

Tárcia Millene de Almeida Costa Barreto, professora de Enfermagem da Universidade Federal de Roraima (UFRR), enxerga a Rede Brasil como uma oportunidade de trazer, em forma de pesquisa, os desafios do país no contexto da saúde.  “Às vezes, um problema que alguém enfrenta agora já foi vivenciado em outro contexto por outra pessoa. Usamos disso para trocar experiência, tornando a situação mais fácil de ser resolvida”, comentou. Para ela, os eventos presenciais servem para os próprios membros terem uma melhor dimensão do projeto. “Esses momentos de ‘olho no olho’ com o colega fazem com que a gente perceba o resultado dos nossos trabalhos e quanta coisa nós estamos produzindo”. Barreto trabalha com pesquisas voltadas à saúde da população migrante venezuelana em Roraima.

Próximos passos

Após a publicação do relatório do primeiro encontro, ocorrido em 2023, e a realização do evento de abril de 2025, o terceiro encontro já tem data para acontecer: dezembro de 2025.

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