Comunicação positiva em saúde e sala de vacina

Comunicação positiva em saúde e sala de vacina

Evento no último dia da Semana Brasileira de Enfermagem conta com palestra e
lançamento de guia
Por Laíse Matos

Na segunda-feira (20), ocorreu a apresentação do Guia Prático em Sala de
Vacinação, organizado por Carla Targino, docente do Departamento de
Enfermagem da Universidade de Brasília (UnB), e por Juliana Soares, servidora
pública do Distrito Federal, responsável pela vacinação da UBS 1 de Vicente Pires.
O evento compôs a Semana Brasileira de Enfermagem e tratou ainda do
Comunicação Positiva em Saúde, extensão do projeto Escola Cidadã.

Palestrantes e ouvintes reunidos para registrar o momento. Foto de Katiuce Dias

A ideia do guia surgiu em 2022, durante a Pandemia de Covid-19, quando a
lacuna deixada na saúde ficou mais evidente, como relatou Soares: “Nossos

servidores adoeciam e nós não tínhamos como substituir, porque as pessoas não
tinham conhecimento em sala de vacina”. Esse cenário também impulsionou o
projeto Comunicação Positiva em Saúde, coordenado pela professora Carla. “A
gente quer não só oferecer conhecimento seguro, mas também se posicionar como
uma ferramenta para frear a propagação de fake news”, expôs.
Realidade enfrentada atualmente, a queda no índice de vacinação é
apontada por ambas com preocupação. “É um problema de saúde que já vínhamos
enfrentando, mas tomou força em 2020”, disse Carla. A professora fez um paralelo à
Revolta da Vacina — levante popular motivado pela insatisfação com a campanha
de vacinação obrigatória contra a varíola, implantada no Rio de Janeiro por Oswaldo
Cruz em 1904 —, que tematiza a questão em séculos diferentes: “120 anos e a
gente volta à mesma tecla”.
Para Soares, a ação do profissional pode definir a continuidade do calendário
vacinal. “A forma como a gente acolhe nosso paciente, a segurança que a gente
passa faz toda diferença na cadeia de imunização”, opinou a enfermeira. Em
concordância, Marlise Matos, atuante na área e colaboradora do manual, opinou:
“Às vezes, se você não explicar, aquela mãe não vai entender, não vai voltar para
dar seguimento ao protocolo”.

Da esquerda para a direita, Marlise Matos e Juliana Soares em frente ao cartaz do evento e capa do livro. Foto
de Laíse Matos

Outro fator que influenciou o guia foi a criação distrital do termo de
responsabilidade técnica, o qual trouxe formação aos servidores. “Nós saímos do
curso com o dever de transferir aqueles conhecimentos para a nossa sala de
vacina”, contou Soares. Hoje, o principal objetivo da iniciativa ainda é informar: “Um
grande desafio que temos pela frente é fazer esse material ser divulgado para um
maior número de profissionais”. Por isso, publicado pela Editora ECoS, o guia está
acessível aos interessados no site.
Com intenção de ser simples e eficaz, o Guia Prático em Sala de Vacinação
se divide em cinco capítulos que englobam a atmosfera da imunização de todos os
ângulos, desde o calendário vacinal às formas de conservação e aos sistemas

informativos. “Nós procuramos consolidar os principais manuais técnicos que o
Ministério da Saúde disponibiliza”, disse Soares. Desse modo, como definiu a
professora Carla, a intenção foi criar um “livro vivo” que pode e será atualizado
conforme os avanços da área.

Respectivamente, Juliana Soares e Carla Targino. Foto de Laíse Matos


Além do acompanhamento das mudanças, para facilitar a procura de um
tema específico, cada capítulo possui uma cor diferente que ajuda na navegação. O
uso de QR codes é outra ferramenta de interatividade presente no material, que traz
referências e fontes de aprofundamento, caso o leitor se interesse. “É a
possibilidade que o profissional tem, na palma da mão, de expandir os
conhecimentos”, explicou a enfermeira.
A constante adição de novas informações foi uma das questões que atrasou
a publicação e dificultou o trabalho da Emily, estudante de Enfermagem que auxiliou
na idealização do guia. “Isso gerou muita revisão. Às vezes a Emily fazia um QR
code de manhã e quando era a tarde, eu falava ‘Emily, me desculpa, eu preciso que
você faça um novo, acrescentando um documento que acabou de sair’”, relembrou
Soares, bem humorada.
A enfermeira demonstrou gratidão aos estudantes e colaboradores: “A minha
vida se transformou depois que comecei a receber os estudantes da UnB no meu
cenário”. Ela reforçou que todos tiveram um papel importante no desenvolvimento e

também são responsáveis pelo sucesso do guia. “Não é um produto individual, é
coletivo”, frisou.

Juliana Soares, ao início da apresentação, quando agradeceu a todos que contribuíram para a idealização e
divulgação do Guia Prático em Sala de Vacinação. Foto de Laíse Matos
aneka resep masakan paling enak